A inteligência artificial está mudando a economia do conteúdo, tornando conteúdos perenes menos valiosos e elevando a importância de formatos aditivos. Essa transformação já afeta tráfego, visibilidade e estratégias de conteúdo em grandes marcas.
- A IA reduz cliques em conteúdos perenes ao entregar respostas diretas.
- Conteúdo aditivo, com análises e dados inéditos, ganha mais destaque.
- Sites como Wikipédia perdem tráfego enquanto Reddit e YouTube avançam.
- Google e ChatGPT citam menos fontes tradicionais e priorizam novidades.
- Estratégias passam a priorizar conteúdo aditivo e originalidade.
A chegada da IA generativa alterou a lógica de distribuição e consumo de conteúdo digital. Plataformas como Google e ChatGPT passaram a fornecer respostas completas diretamente nos resultados de busca, reduzindo o incentivo para o usuário clicar em links de sites tradicionais. O impacto é especialmente forte sobre conteúdos everegreen, que abordam temas atemporais e educativos, como os da Wikipédia.
Dados recentes mostram que o tráfego humano na Wikipédia caiu 5% em um ano, enquanto acessos de bots e scrapers aumentaram mais de 160%. O Google intensificou a exibição de resumos de IA para termos ligados à Wikipédia, mas diminuiu em um terço as citações diretas à fonte. O resultado é uma queda de cerca de 90 milhões de visitas, mesmo com aumento de acessos diretos e referências vindas do ChatGPT.
Ao mesmo tempo, plataformas baseadas em conteúdo aditivo, como Reddit, YouTube e LinkedIn, ganham espaço e visibilidade. Esse tipo de conteúdo traz opiniões, análises inéditas, histórias de clientes e pesquisas originais, oferecendo valor que a IA ainda não consegue replicar. O YouTube, por exemplo, viu sua taxa de citação em respostas de IA subir de 37% para 54%, enquanto a da Wikipédia caiu de 58% para 42%.
O comportamento do usuário também mudou: com resumos de IA no topo dos resultados, a tendência é de queda contínua nos cliques para sites de conteúdo perene. Isso exige ajustes na estratégia, como complementar com a criação de conteúdo aditivo: pesquisas próprias, análises de dados, estudos de caso e thought leadership. Empresas globais já estão investindo nesse tipo de material.
Conteúdos perenes ainda têm papel relevante para experiência do usuário e construção de autoridade, mas medir seu sucesso por cliques pode não ser a melhor estratégica. O ideal é equilibrar o portfólio, priorizando temas exclusivos, hipersegmentados e alinhados ao público-alvo. Avaliar resultados por influência em pipeline, menções em IA e cobertura de mídia passa a complementar a mensuração do tráfego orgânico.
No médio prazo, a tendência é de valorização crescente do conteúdo que agrega novas perspectivas e dados, enquanto o conteúdo replicável e genérico perde espaço. Ainda há incertezas sobre o ritmo dessa transformação e sobre como os algoritmos de IA vão evoluir na atribuição de fontes. Por ora, monitorar o impacto nos canais de aquisição e ajustar rapidamente a produção de conteúdo são ações essenciais para manter competitividade.
Para se aprofundar mais no assunto, acesse o artigo “AI Is Breaking The Economics Of Content“, publicado no site Search Engine Journal.
