Desde sempre todo ano o SEO morre. A cada grande atualização do Google, alguém anunciava a morte do SEO.
Essa é uma narrativa apocalíptica que chama atenção, por isso jornalistas e criadores de conteúdo adoram usar “o fim de algo” como um click bait que gera visualizações e na maioria das vezes distorce a realidade com uma opinião imprudente.
Pois bem. Uma coisa não mata a outra, elas coexistem.
- O iPhone não matou o Android (que foi criado pelo Google depois do iPhone e tem mais usuários)
- O Linux e o iOS não mataram a o Windows, a Microsoft segue como uma das maiores empresas do mundo
- O Playstation não matou o Xbox (ou vice versa)
- O Uber não matou o táxi
- Os apps não mataram os sites
- O streaming não matou a TV
- O streaming também não matou o rádio
- O Airbnb não matou os hotéis
- Os jornais se mataram sozinhos, mas é fácil culpar “a internet”
- O hambúrguer de planta não matou a picanha
- O Instagram ainda é maior que o TikTok, a Meta segue como o maior ecossistema de redes sociais do mundo
O Google é dono do maior ecossistema digital do mundo: YouTube, Gmail, Google Ads, Google Drive, Workspace, Meet, Cloud, Education, Analytics. A Busca é uma parte desse ecossistema. A maior parte, sem dúvida.
O Google é a maior fonte de receita do mundo para o e-commerce e para centenas de milhões de sites através da sua busca: Ads, Orgânico e Shopping.
Sem o Google, os sites de notícias perdem a maior parte da audiência. A Wikipedia acaba. A maioria dos e-commerces quebra (só sobrevive quem tiver tráfego direto relevante).
Se o Google cai a internet para.
Os dados do relatório “We Are Social” (pegou a ironia?), um dos mais respeitados relatórios globais de uso da internet provam isso:
Em todas as gerações o uso de busca supera o uso de redes sociais. A geração Z é a primeira na qual o uso de redes sociais é significativamente maior (4,7%). A geração Z também é a geração que dá menos importância a sair da casa dos pais, a se casar e a fazer uma graduação (pesquisa da Accenture). Também é a geração com a menor riqueza acumulada na mesma idade que seus pais e avós. Os millenials também sofrem do mesmo problema.
Ou seja: por mais que façam uso de redes sociais, possuem um poder de consumo muito menor e que tende a crescer muito lentamente nos próximos 10 anos (e também por isso se casarão menos, estudarão menos e sairão menos da casa dos pais).
Tenho conversado com executivos de marcas importantes e vejo um deslumbre pelos creators, influencers e redes sociais, frente a uma ignorância quanto as fontes de tráfego e receita que sustentam suas operações. Bastaria uma análise do time de dados, BI ou TI para reverter essa percepção.
E aí vem as ferramentes genAI…
“Ah, mas o chatGPT tem 13 milhões de usuários por dia.”
O Google tem 2 bilhões de usuários por dia. E ainda gera tráfego, o que o chatGPT não faz.
Anos atrás a estrela da vez era a busca por voz. Experimente perguntar algo pra Alexa ou pra Siri e veja se a resposta é melhor que no Google ou no Bing.
Negacionista é quem prefere seguir a manada do que pensar por conta própria, é quem nega o óbvio e inventa história pra chamar atenção. É um perigoso jogo de narrativas.
Tenha cuidado triplicado ao ouvir narrativas apocalípticas. Você pode estar caindo no golpe do “chip na vacina”.
Cabe dizer que o Google está muito pior do que já foi sim.
Os resultados estão bem ruins. A experiência de busca se tornou visualmente confusa e as respostas muitas vezes são decepcionantes. Mas vai levar 15 ou 20 anos para o Google morrer, caso isso aconteça, o que é bastante improvável. E nesse tempo todo ele poderá reinventar a experiência de busca várias vezes.
A internet tem 30 anos de existência e é usada por pouco mais da metade da população global. Os jornais ainda existem, o rádio, a TV. O BBB esta aí para mostrar a força da TV na “cultura popular” e no comportamento.
A mudança nunca é uma ruptura, ela sempre é gradual.
Até lá, ou os criadores de mal conteúdo aceitam a verdade ou podem brincar de futuristazinhos. Vai que eles são melhores que a Mãe Dináh e acertam o futuro?
Como sempre, a realidade se impõe. Tome decisões baseadas em dados, não em narrativas.