Jornada de busca fragmentada: Google, IA e redes sociais

Atualizado em 10 de outubro de 2025
por Rafael Rez.

A pesquisa da Yext revela que apenas 11% dos consumidores nos EUA confiam no primeiro resultado apresentado, enquanto o uso de ferramentas de IA duplicou em um ano. Com jornadas fragmentadas entre Google, redes sociais e IA, marcas enfrentam desafio novo para conquistar visibilidade.

  • Só 11% dos consumidores confiam imediatamente no primeiro resultado quando buscam online.
  • 45% iniciam pesquisas por motores tradicionais, mas 15% usam ferramentas de IA e 14% recorrem a sites de avaliação desde o começo.
  • 73% afirmaram ter usado IA nas buscas no último ano, e 45% dizem usar diariamente.
  • 62% confiam em busca tradicional para temas sensíveis, e 60% para assuntos cotidianos.

O estudo da Yext, relatado pelo Search Engine Land, é baseado em uma amostra ponderada de 1.057 adultos dos EUA, extraídos de um levantamento maior com 2.237 participantes nos EUA, Reino Unido, França e Alemanha, realizado entre 20 de março e 6 de abril. Os participantes precisavam ter comprado algo online nos últimos três meses e ter usado IA conversacional ou por voz para buscar informação. 

O dado de que apenas 11% confiam no primeiro resultado mostra uma quebra de paradigma: a maioria dos usuários não aceita passivamente o que aparece no topo. Eles verificam, comparam ou ampliam a busca. Isso implica que uma boa posição no ranking já não basta. É necessário que o conteúdo seja percebido como confiável, referenciado, citável.

A descoberta de que 73% dos usuários aumentaram o uso de IA nas buscas em 1 ano, e que 45% já usam diariamente, revela que a IA não é mais uma curiosidade. Ela virou parte do fluxo de busca de muitos usuários. Contudo, a adoção não é plena: 62% ainda preferem o Google tradicional para temas sensíveis (saúde, finanças, decisões importantes) e 60% para assuntos do cotidiano. Isso indica que a IA complementa a busca do Google, mas não a substitui.

Outro achado relevante é o protagonismo das redes sociais:

  • 52% usam redes para buscar opiniões e reviews;
  • 48% para recomendações locais;
  • 47% para guias e “como fazer”.

Isso reforça que a validação social por usuários, amigos ou influenciadores faz parte do ecossistema de busca. 

A pesquisa ainda segmenta seis perfis de comportamento de busca:

  • Traditionalist (24 %): confiantes nos motores clássicos;
  • Price Shopper (21 %): busca eficiência e ofertas;
  • Explorer (18 %): utiliza IA para explorar ideias novas;
  • Creator (15 %): usa IA para criatividade e brainstorm, mais comum entre gen Z;
  • Social Proof Seeker (14 %): busca validação social antes de decidir;
  • Accidental Searcher (8 %): descobre produtos por acaso em redes. 

Ou seja, não existe um comportamento único: cada perfil exige abordagem e presença adaptadas.

Esses dados trazem implicações práticas para profissionais de SEO e conteúdo. Primeiro: autoridade e confiabilidade ganham peso ainda maior. Ter fontes, dados estruturados, citações e provas sociais (reviews, menções externas) pode aumentar a chance de ser validado ou citado por IA. Segundo: ser visível nas redes e nos locais onde o usuário “confere” importa tanto quanto rankear bem no Google. Um conteúdo pode ter excelente SEO, mas se não for referenciado em redes ou em plataformas de review, pode ser ignorado no ciclo de validação.

Trazendo para a realidade brasileira, os desafios se intensificam: diferença na adoção de assistentes de IA em português, menor penetração de ferramentas nativas, menos recursos para criação de conteúdo de autoridade, e competição por visibilidade em português (menos conteúdos de base ampla, mais nicho).

O comportamento de busca do usuário está menos linear, mais crítico e multifonte. Aparecer no topo do ranking não garante que será aceito sem questionamento. A IA, longe de substituir tudo, entra como instrumento de verificação e exploração, complementando os buscadores clássicos. Marcas e criadores precisam estar preparados para essa nova jornada fragmentada.

Para se aprofundar mais no assunto, acesse o artigo “Consumers don’t trust the first search result – and AI use surges: Survey”, publicado no site Search Engine Land.

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Rafael Rez
Fundador da agência de SEO & Conteúdo Web Estratégica e co-Fundador da Nova Escola de Marketing. Autor do livro de marketing: “Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI”, publicado no Brasil pela DVS Editora e em Portugal pela Editora Marcador. Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2013.